Sempre havia a possibilidade de que a múmia houvesse sofrido contaminação externa. Um novo teste foi então realizado usando um método infalível que permite saber se um defunto realmente absorveu a droga. Isso se consegue pelo exame dos folículos capilares, pois eles conservam traços das moléculas correspondentes durante meses, ou indefinidamente no caso de morte e só podem ser metabolizados enquanto o corpo está vivo. Novamente os resultados foram positivos e, portanto, não tinha havido contaminação externa.
Restava ainda a hipótese de que a múmia examinada fosse falsa. Rosalie David, egiptóloga da cidade de Manchester, nos Estados Unidos, suspeitou dessa possibilidade mas, ao ter acesso aos relatórios das pesquisas e considerando o bom estado da conservação do corpo e das faixas que o envolvem, concluiu que a múmia era provavelmente autêntica. Resolveu então efetuar análises nas múmias que tinha sob sua guarda no museu americano e descobriu que duas dentre elas apresentavam traços de nicotina. Essa confirmação provou, de maneira irrefutável, que o tabaco era conhecido na antiguidade.
Em 1976 a múmia de Ramsés II (c. 1290 a 1224 a.C.) esteve em Paris para restauração e constatou-se a presença de cristais característicos do tabaco. Tratando-se de algo impossível de ser concebido, atribuiu-se o fato a algum erro e o assunto foi sepultado. Vinte anos mais tarde a consagrada egiptóloga Christiane Desroches Noblecourt escreveu em seu livro sobre aquele faraó: No momento de sua mumificação, seu tronco foi preenchido com numerosos produtos desinfetantes. Os embalsamadores usaram um fino "picadinho" de folhas de Nicotiana L., encontrado nas divisões internas do tórax, juntamente com depósitos de nicotina, certamente contemporâneos da mumificação, mas que nos trazem um problema, pois esse vegetal era ainda desconhecido no Egito, ao que parece.
Ao prosseguir suas pesquisas, Svetla Balabanova constatou, surpreendentemente, que a quantidade de nicotina encontrada nos cabelos da múmia demonstra um enorme consumo, tão grande que provocaria a morte do consumidor, a menos que esse consumidor já estivesse morto, obviamente. Assim, ela aventou uma outra hipótese: a de que o tabaco entrava no processo de mumificação. Esse procedimento sempre foi guardado em segredo pelos sacerdotes e até hoje são ignorados os detalhes sobre ele e, principalmente, que substâncias eram utilizadas.
A Dra. Balabanova resolveu coletar amostras de corpos preservados naturalmente e abrigados em museus de toda a Europa. Ela as obteve de 134 corpos originários do antigo Sudão, datados de um tempo muito anterior a Colombo ou aos Vikings. Um terço destes corpos continham nicotina e cocaína. Pesquisou também corpos da China, Alemanha e Áustria e, depois de examinar 3000 amostras de um período compreendido entre 3700 a.C a 1100 da nossa era, concluiu, sem sombra de dúvida, que o tabaco era conhecido na Europa e na África muito tempo antes de Colombo.
Quanto a origem do tabaco e da nicotina no antigo Egito, permanece o mistério. Não existem representações da planta do tabaco ou assemelhadas em papiros, relevos ou pinturas dos túmulos e templos. É provável que ele viesse do exterior, mas de onde? Originário da América do Sul, também existem variedades desse vegetal na Oceania e na Polinésia. Sua presença no Egito faz supor a existência de rotas comerciais com tais regiões ou contato com intermediários que de lá o trariam. Essa hipótese é corroborada pelo fato de que já foram encontrados fios de seda em uma múmia egípcia, os quais só podem ter vindo da China.
Com relação à cocaina, existem na África plantas assemelhadas à coca, mas nenhuma delas contém droga. Para os botânicos, a presença de uma planta com as mesmas características da coca americana naquele continente é uma heresia. A verdade é que a hipótese de comércio transoceânico na antiguidade já não pode ser descartada liminarmente e é possível que tenha havido contato entre o Peru e o Egito antigos. É possível que a coca — uma planta sul americana — tenha encontrado seu caminho para o Egito há mais de 3000 anos atrás? A resposta definitiva para essa pergunta ainda não foi dada.
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Vestígios de tais plantas no Egito mostram que houve comércio entre regiões distintas do mundo, o que pode explicar o fato de haver pirâmides também na América do Sul. Afinal, quando civilizações se relacionam, aspectos culturais também podem ser trocados.
Por Grupo Roma
http://vestigios-222.blogspot.com/2010/11/vestigios-de-tabaco-em-mumias-egipcias.html
Onde está a referencia bibiografica?
ResponderExcluirTava pensando em fazer um artigo cientifico, iria citar este blogg, porém eu precisaria de uma referência, portando se ainda for possivel por favor, mandar para meu email, meeb_pig@hotmail.com
Ao usuário "Unknown" acima, sugiro que procure o livro "O Egito antes dos Faraós" de Edward F. Malkowski, pois além dele trazer detalhes sobre esse caso, também há notas que ajudarão a aprofundar a pesquisa.
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